A Importância do Tratamento de Chorume

Compreenda mais sobre esse efluente e quais são os impactos ambientais gerados pelo seu descarte incorreto

Segundo um levantamento do Ministério do Meio Ambiente, publicado em 2021, a população brasileira gera cerca de 71 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano. Consequentemente, parte desse volume transforma-se em chorume, um líquido escuro e com odor nauseante, formado a partir da degradação da matéria orgânica presente nos resíduos dispostos nos aterros. Dependendo da composição dos resíduos e das suas características de deterioração, o chorume pode ter um grau de toxicidade altíssimo, causando diversos prejuízos à saúde pública e ao meio ambiente. Visto isso, é de extrema importância que esse efluente seja especificado, tratado e descartado de maneira adequada. 

Também chamado de percolado ou lixiviado, o chorume é o líquido resultante da putrefação de resíduos, processo que ocorre naturalmente quando há acúmulo de matéria orgânica, água e bactérias decompositoras. É classificado em quatro categorias: chorume de aterro classe I, proveniente da decomposição de resíduos perigosos; chorume de aterro classe II,  oriundo da decomposição de resíduos sólidos de origem sanitária ou inerte; necrochorume, originado da decomposição de cadáveres enterrados; e biochorume, derivado  da decomposição dos resíduos de composteiras.

Esse percolado identificado como biochorume é rico em nutrientes e pode ser descartado diretamente em solo agrícola, podendo ser utilizado como biofertilizante. Por outro lado, os demais percolados necessitam de um tratamento prévio antes da disposição em solo ou corpos hídricos, por possuírem em sua composição substâncias tóxicas, patogênicas e diversos outros poluentes. 

Assim, o chorume das categorias, Classe I, Classe II e Necrochorume sofrem da presença de contaminantes e agentes perigosos ao meio ambiente e para os seres humanos. Ao ser despejado de maneira incorreta, o líquido percolado pode contaminar extensivamente o solo e os recursos hídricos, além de contaminar indiretamente, também, as plantas e animais que vivem no mesmo meio. Além de   possuir a capacidade de  permear o solo  tão profundamente podendo chegar a  alcançar os lençóis freáticos e águas subterrâneas, causando danos praticamente irreparáveis. 

A poluição do ar também é um fator relevante, já que o chorume libera gás carbônico e gás metano, gases oriundos da decomposição. No que tange a saúde, os prejuízos se devem, principalmente, pelos altos níveis de metais pesados e compostos orgânicos presentes em sua composição. Essas substâncias podem se acumular no corpo de organismos vivos e contaminar toda uma cadeia alimentar, acarretando em distúrbios gastrointestinais, neurológicos e pulmonares, aumentando a propensão a tumores. Além disso, o seu odor é motivo de atração de insetos e roedores, os quais muitas vezes são  vetores de transmissão de doenças.

Portanto, considerando a gravidade dos riscos que o lançamento do líquido percolado na natureza representa, a necessidade de um encaminhamento ambientalmente seguro fica evidenciada. O tratamento destes efluentes é uma opção para a resolução dos problemas, se realizado dentro das conformidades e dentro das obrigações legais, internamente ou por uma empresa qualificada. A escolha da técnica de tratamento do chorume depende da composição e suas características.

A maneira mais comum para tratamento de diversos efluentes é a aeróbia, na qual se fornece oxigênio para consumir a matéria por completo. Já o tratamento anaeróbio utiliza reatores fechados, sem a presença de oxigênio. Todavia, independente dos meios e métodos empregados para a destinação do líquido percolado, é de grande importância que a sociedade avalie e repense sua cultura de consumo. Uma vez que, reduzida a produção de lixo, o volume de geração de chorume reduzirá proporcionalmente.

 

 

Fonte: https://www.gov.br/pt-br/noticias/meio-ambiente-e-clima/2021/02/programa-lixao-zero-reduziu-em-17-a-quantidade-de-lixoes-em-2020 

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