Todo ramo industrial gera algum tipo de efluente, que possui particularidades influenciadas pelas matérias-primas utilizadas, pelo processo de produção, entre outros fatores.

Os efluentes da indústria alimentícia, por exemplo, possuem alto teor de carga orgânica, composta por contaminantes específicos de cada setor. De acordo com sua composição, este efluente deve receber um tipo de tratamento específico para ser lançado com segurança de volta à natureza. Portanto, é muito importante a caracterização dos efluentes gerados pela indústria alimentícia, a fim de se estabelecer o tratamento mais adequado visando assegurar a proteção do ecossistema aquático.

A seguir, apresentaremos as características dos efluentes de três grandes segmentos da indústria alimentícia.

Laticínios:

A indústria de laticínios oferece uma grande variedade de produtos produzidos a partir do leite, como manteiga, queijo, doce de leite, creme de leite, leite condensado, iogurte, leite pasteurizado, entre outros.
Os efluentes desse setor contêm em sua composição resíduos do leite, proteínas, gorduras, açúcar, ácido láctico, produtos de limpeza, saneantes e resquícios de medicamentos veterinários, como vermífugos, antibióticos e praguicidas, provenientes da fabricação dos produtos e da higienização dos equipamentos e maquiná

rios. Uma atenção especial deve ser dada ao soro do leite, por seu alto poder contaminante, que pode ser cerca de 100 vezes mais poluente do que o esgoto doméstico, conforme apontam pesquisas.

Óleos e Gorduras Vegetais:

Os óleos e gorduras vegetais são produzidos a partir de diversas

matérias-primas, fornecendo produtos dos mais variados como margarinas, óleo de soja, óleo de canola, azeite de oliva, entre outros.

No que se refere ao principal poluente desses efluentes, são as proteínas. Apesar de serem biodegradáveis, elas são moléculas complexas que precisam de um tratamento bem feito para assegurar sua degradação. Além disso, são encontradas substâncias como hidróxido de sódio, fosfatos, carboidratos, cloreto de sódio, ácidos orgânicos e corantes alimentícios.

Carne Bovina, Suína e de Aves:

Como a carne é muito consumida no Brasil, esse setor é um dos segmentos que mais utiliza água em seu processo produtivo e, consequentemente gera grandes volumes de efluentes a serem tratados.
O efluente de frigoríficos e abatedouros contém substâncias como esterco, gorduras, vísceras, fragmentos de carne e ossos, sangue, dentre outros. O sangue pode ser considerado o constituinte de maior contribuição para o elevado nível de carga poluidora deste efluente, devido às suas características orgânicas. Não bastasse isso, também são encontrados componentes derivados de detergentes e sanitizantes, já que essa indústria necessita de limpezas frequentes.
Outra característica desse efluente é sua propriedade putrescível, que exala fortes odores. Com isso, geralmente são encontrados neste tipo de efluente microrganismos patogênicos, como bactérias, ovos de parasitas, cistos de amebas, resíduos de pesticidas, entre muitas outras substâncias perigosas, que apresentam alto grau de contaminação biológica.